O arcano 02 de Ouros, ilustrado pela artista Pamela Colman Smith (sob orientação do ocultista Arthur Edward Waite) traz a imagem do “juggler pirate” ou “pirata malabarista”. Entre os corsários que invadiam cidades entre a Idade Média e a era Vitoriana, um tipo de pirata pouco conhecido se destacou: os piratas malabaristas.
Um pirata (do grego πειρατής, peiratés, derivado de πειράω, “tentar, assaltar”, pelo latim e italiano pirata) é um marginal que, de forma autônoma ou organizado em grupos, cruza os mares só com o fito de promover saques e pilhagem a navios e a cidades para obter riquezas e poder.
Você deve estar se perguntando o porquê de malabaristas entre os piratas. É bem simples entender: ao desembarcarem nas praias, uma trupe marítima atraía o povoado para fora da aldeia, entretendo com números circenses, enquanto um outro grupo de piratas aproveitava a distração dos aldeões e saqueavam a cidade. Ou seja, pouca ou nenhuma resistência era encontrada, já que grande parte da população estava fora de casa. Essa distração custava-lhes caro e, geralmente, acumulava muitos prejuízos em objetos de valor, animais, alimentos e até sequestros eram cometidos. As embarcações ao fundo confirmam a natureza náutica da carta, em oposição à “terra firme” da areia da praia, sugerindo “deixar algo estável para se aventurar imprudentemente”.
Das interpretações usuais para o 02 de Ouros temos: escambo, alternância de valores, trocas ou substituições, instabilidade financeira, “jogo de cintura” para ganhar algo, arternativas em investimentos, enfim, sempre algo apoiado num condicionante, em função do número 02. Mas, o verdadeiro risco nesta lâmina envolve distrações perigosas, jogar a atenção em algo fugaz ameaçando algo seguro. Alguns exemplos que posso dar: deixar um emprego seguro para se arriscar em algo pouco ‘palpável’; estar num relacionamento duradouro e colocá-lo em risco por um envolvimento qualquer; trocar algo de maior valor por um de menor valor por desatenção; arriscar-se ou “pagar pra ver” imaturamente numa situação qualquer; “brincar com a sorte ou levar as coisas demasiadamente na brincadeira”. De todo modo, o caráter lúdico desta lâmina sempre pode levar o(a) consulente a tomar decisões baseadas na perda do foco do que é essencial. Afinal, enquanto você presta atenção no malabarista, não se apercebe das embarcações que se aproximam ao fundo.