As origens do Tarot são obscuras. Pouco temos de material concreto sobre o conteúdo histórico que envolvem as lâminas. Referências documentadas, tratam da entrada das cartas na Europa, durante o período final do século XIV. Embora existam comprovações anteriores de jogos de cartas no Oriente, nenhuma narração aponta para as lâminas do Tarot. Mesmo as pesquisas do italiano Francisco Petrarca (1304-1374), apontando para pistas em seus poemas que sinalizam os Trunfos do Tarot, de fato, a primeira referência às cartas foi feita pelo monge alemão Johannes Von Reinfeldem, quando em 1377, escreveu ao clero sobre a chegada de um jogo de cartas em seu país, semelhante ao jogo de xadrez. Dez anos depois, o rei de Castela João I, na Espanha, criou um decreto proibindo os jogos de cartas, sem causar problemas necessariamente a seus usuários.

Durante os anos seguintes, desde o período de 1369, em vários países como Espanha, França, Itália e Alemanha, são proibidos os jogos, sem nenhuma indicação que descrevesse os jogos de cartas. Entre 1369 e 1397, fica claro para os historiadores, o aparecimento das cartas na Europa.

Em 1392, é criado o mais antigo Tarot que se tem preservado: o Tarot de Gringonneur, embora suas lâminas não possuam nomes ou números. Pensa-se assim, que os atributos numéricos e nominais, tenham surgido tempos depois através de outros estudiosos e pesquisadores.

Em nenhum momento são feitas referências ao lado ocultista do Tarot. Durante os anos que se seguiram, as referências históricas apontam para os jogos de cartas como jogos de salão, utilizados entre os nobres e reis da época. Também não há nenhuma referência quanto ao termo Tarot. Esse termo, que tem também sua etimologia velada, pode ter se originado das possíveis nomenclaturas que ligam por hipóteses, a origem do Tarot a um determinado povo ou cultura. Eis algumas delas:

TAROT – “TAR”- Caminho “RO, ROG ou ROS” – da Vida ou Real (Egípcio segundo Gébelin)
TORAT – livro da lei (Hebreu)
TARES e TAROTTÉ – desenhos no verso das cartas (Europeu)
TAROCCO – antigo jogo de cartas (Europa)
OT TARA – roda da vida (Índia)
Tanto na língua inglesa quanto na língua francesa não há qualquer diferenciação entre as cartas de jogatina e as cartas do Tarot.
Língua Inglesa
tarot cards : cartas de tarô
tarock: taroco, um tipo de tarô para jogatina
tarot reader: leitor de tarô e qualquer tipo de carta
fortune tellers : contador de fortuna, ou cartomante
cards reader : leitor de cartas
playing cards : jogando cartas, ou jogador de baralho ou cartas em jogatina.
A diferenciação está nos verbos to read (ler) e to play (jogar)
Lingua Francesa
cartes à jouer : cartas de jogar
cartes divinatoire : cartas advinhatórias
tarot à jouer : tarô de jogar
tarot divinatoire : tarô divinatório
jouer le tarot : jogar o tarô
consulter le tarot : consultar o tarô
A diferença é na nominação das cartas jouer (jogar) e divinatoire (divinatória).

Com a limitada informação sobre o histórico do Tarot, um universo especulativo abriu-se diante dos possíveis criadores do Tarot. Alguns pesquisadores acreditam ser os egípcios, através do deus-homem Toth ser o seu criador; outros apontam para os ciganos, povos nômades do oriente; ainda mesmo os sarracenos, hebreus, templários, atlantes, chineses, extraterrestres, etc. Nota-se que muitas são as possíveis origens, mas nada concreto.

Durante o período do século XV, a Igreja se posiciona pela primeira vez sobre as cartas. Proíbe a utilização das mesmas por sacerdotes, sem explicações contudo. Durante esse século floresceram os termos Trunfo, Tarocchino, Tarocco, Mincchiatti para designar as cartas. Alguns artistas e artesãos surgem com insistência na Itália, Alemanha e França.

Já no período do século XVI, os termos Tares, Tarotté e Tarotiers são utilizados com frequência pelos franceses. Há um frequência do ciclo das cartas principalmente na Itália, Espanha, França e Alemanha. Em 1450 é publicado um livro que faz uma descrição dos Trunfos do Tarot e métodos de advinhação aplicáveis.

O termo Tarot surge, de fato, no século XVII. Durante esse século, o baralho já possuía a estrutura de 78 lâminas (com nomes e números) e a proliferação do objetivo oracular teve uma crescente repercussão durante essa fase. Apesar de todo esse contexto, as referências à origem do baralho só vieram a acontecer no século seguinte. Dentro desse período houve uma divisão do Tarot em Tarot de Jogo e Tarot Divinatório; enquanto o primeiro servia exclusivamente ao entretenimento (sendo utilizado até hoje em campeonatos), o segundo se propunha à revelação do futuro. Surgiu nessa época o famoso Tarot de Marselha que deu origem à muitos outros baralhos marselheses.

No século XVIII, o renomado enciclopedista e historiador francês Antoine Court de Gébelin, publica em seu livro “Le Monde Primitiff”, a possível origem do Tarot, que influencia decisivamente futuros pesquisadores. Muito do que temos de herança hoje, nasceu dessa época, trazendo literaturas que definiriam o rumo do Tarot. Apesar do apontamento para uma possível origem do Tarot, Gébelin desenha um baralho que nada traz de simbolismo egípcio.

No século XIX, o Tarot toma novos rumos feitos pelas associações de conhecidos ocultistas como Eteilla, Eliphas Levi, Oswald Wirth, entre outros, estabelecendo relações do Tarot com as letras hebraicas (Kabbalah), astrologia, mitologias, numerologia, enfim com o próprio pensamento da Magia. Surgiram daí, muitas idéias controversas, escolas e linhas de pensamento diversas, enriquecendo a literatura sobre o tema e lançando o nome Tarot ao mundo. Esse fenômeno de final de século estava ligado intimamente ao crescimento de novas ordens esotéricas e o renascimento de outras.

No século XX, o Tarot já tinha grande peso no meio esotérico e ocultista, criando calorosos debates entre os livre-pensadores da época. Desentendimentos históricos, como o de Arthur Edward Waite com Aleister Crowley, favoreceu uma abertura para a criação de novas associações e dinâmica na arte do baralho. Waite ilustra de forma rica os Arcanos Menores do Tarot e Crowley nos presenteia com um hipnótico Tarot ligado à tradição da magia. Com o crescente desenvolvimento da mídia, o tema Tarot invade o mundo e ganha estrada, chegando a muitas classes e pessoas. Com certeza, novos caminhos e propostas estão cada vez mais sendo explorados e descobertos através desse intrigante e infinito tema que é o Tarot.

Alguns famosos Tarots:

TAROCCHI DE MANTEGNA (Itália)
TAROCCHI DE VENEZA – GRINGONNEUR (França)
TAROCCHINO DE BOLONHA (Itália)
MINCHIATE DE FLORENÇA (Itália)
VISCONTI-SFORZA (Itália)
TARÔ DE MARSELHA (França)
TAROCCHINO DE MITELLI (Itália)
TARÔ DOS BOHÊMIOS (França)
ETTEILLA TAROT (França)
SCALA D’ORO (Itália)
RIDER TAROT (Inglaterra)
WIRTH TAROT (Inglaterra)
TOTH TAROT (Inglaterra)

Histórico