Conhecido pelo título “The Lord of Happiness” (“O Senhor da Felicidade”), o bonachão sorridente sentado descontraidamente, tendo ao fundo uma mesa com 09 taças, simbolizando a bonança, nos deixa a pergunta: “quem é o personagem retratado por Pamela Smith na carta 09 de Copas do Rider Waite-Smith”? Antes, vamos falar sobre a fonte artística que inspirou a ilustradora do famoso baralho.
‘Jolly Toper’ é a figura central das obras “o bêbado feliz”, uma pintura a óleo de 1629 da artista Judith Leyster originária da coleção do Rijksmuseum que está emprestada a longo prazo ao Museu Frans Hals (Países Baixos) desde 1959. Foi adquirida pelo museu como uma pintura de Frans Hals e foi atribuída a Leyster pela
Jolly Toper 1 (o bêbado feliz), obra de Judith Leister (1629)
pesquisadora Juliane Harms em 1927. O personagem quebra o paradigma da arte do século XVII: retratar alguém sorridente, ainda mais numa condição vexatória como a de um alcoolizado. Essas obras vão inspirar também o famoso artista renascentista Caravaggio e o holandês Jan Steen. Pamela é inspirada (também) por esse conjunto de obras envolvendo esse e outros personagens sorridentes, em cenas festivas ou exaltadas, regadas a vinho e música, em tons levemente eufóricos. Mas, afinal, quem é a artista desconhecida por muitos, criadora das obras?
Judith Jans Leyster, também conhecida como Leijster (Haarlem, 28 de julho de 1609 – 10 de fevereiro de 1660), foi uma pintora neerlandesa que viveu no Século de Ouro dos Países Baixos. Leyster nasceu em Haarlem,[1] oitava filha de Jan Willemsz Leyster, um cervejeiro e tecelão local. Enquanto os detalhes de seu treinamento são incertos, na sua adolescência ela foi sabidamente mencionada em um livro neerlandês de Samuel Ampzing intitulado “Beschrijvinge ende lof der stadt Haerlem”, originalmente escrito em 1621, revisado em 1626-27 e publicado em 1628.
Aprendeu a pintar pelos ensinamentos de Frans Pietersz de Grebber, que estava oferecendo uma respeitada oficina em Haarlem na década de 1620. Seu primeiro trabalho assinado data de 1629, quatro anos antes de entrar na guilda de artistas local. Em 1633, ela era um membro da Guilda de São Lucas da cidade de Haarlem, a segunda mulher a se registrar nela, precedida somente por Sara van Baalbergen que, em 1631, entrou para a guilda apesar de não ser de uma família estabelecida de artistas.
Jolly Toper 2 (o bêbado feliz), obra de Judith Leister (1629)
Havia mais mulheres ativas naquela época como pintoras em Haarlem, mas já que trabalhavam em oficinas familiares, não tinham as qualificações profissionais necessárias para assinar trabalhos ou oferecer seus próprios cursos. O exemplo mais notável disto na vida de Leyster é Maria de Grebber, irmã de Pieter de Gebber, 7 anos mais velha do que Leyster e uma pupila de seu pai. Com dois anos de sua entrada na guilda, Leyster tinha
The Jolly Toper, obra de Caravaggio (1650)
pego para si três aprendizes homens. Registros mostram [onde?] que Leyster processou Frans Hals por roubar um de seus estudantes que havia deixado sua oficina pela de Hals somente três dias após a chegada dele. A mãe do estudante pagou a Leyster quatro florins por danos punitivos, somente metade do que a pintora pediu ao fazer o processo e, ao invés de retornar a seu aprendiz, Hals encerrou o caso pagando uma multa de 3 florins. Leyster foi também multada por não te registrado o aprendiz com a guilda.
Em 1636 casou-se com Jan Miense Molenaer, um artista mais prolífico, embora menos talentoso, de assuntos similares aos seus. Na esperança de ter melhores resultados econômicos, mudaram-se para Amsterdã, onde o mercado da arte estava muito mais estável. Ficaram na cidade por onze anos, tiveram cinco filhos, somente dois dos quais sobreviveram até a idade adulta. Eventualmente mudaram-se para Heemstede onde, em 1660, Leyster morreu aos 50 anos de idade. Na cidade ela dividia com o marido um ateliê em uma pequena casa que não mais existe, mas se localizava no que hoje é o Parque Groenendaal.
The Jolly Toper, obra de Jan Steen (1657)
A maioria dos trabalhos datados de Leyster são de 1629-1635, o que coincide com o período em que ela teve seus filhos. Há somente duas obras queforam pintadas depois de 1635: duas ilustrações em um livro sobre tulipas de 1643 e um retrato de 1652. Somente uma dúzia de trabalhos são atribuídos a ela.
Apesar de bastante conhecida durante sua vida e estimada pelos seus contemporâneos, Leyster e seu trabalho foram largamente esquecidos depois de sua morte. A redescoberta de suas obras veio em 1893. O Museu do Louvre, da cidade francesa de Paris, comprou um quadro de Frans Hals e descobriu, posteriormente, que tratava-se na verdade de uma pintura de Judith. Um vendedor teria trocado o monograma de Leyster pelo de seu marido.
Apesar da triste história da artista, relegada a segundo plano como tantas mulheres na História, Judith conseguiu reunir uma série de obras de arte sob climas bohêmicos, revelando, talvez, que apesar das dificuldades e sofrimento, podemos encontrar ainda alegria em pequenos momentos da vida, algo que certamente inspirou a também sofrida artista Pamela Colleman Smith, eternizando Jolly Toper no 09 de Copas.
Vivendo em meio aos livros desde criança na biblioteca de meu pai, despertei interesse logo cedo por Literatura e História. Aos onze anos, comecei a me identificar com História Antiga, mais precisamente Egiptologia e afins. O primeiro contato com o mundo esotérico surgiu das pesquisas feitas com Piramidologia e estudos sobre energia cósmica.