1) Astrologia é crença – é comum algumas pessoas me perguntarem se eu acredito em Astrologia. Ora, não se trata de crença, a Astrologia não está no âmbito das religiões ou crendices; a prática envolve cálculos, técnicas, modos de interpretação, análise de dados, estatísticas e até conhecimento da mecânica celeste. Insinuar que o caráter simbólico através do qual a Astrologia se apoia é uma crença, é no mínimo leviano e incongruente, normalmente quem o faz desconhece realmente os fundamentos/bases da prática;
2) Astrologia é Horóscopo – devido a popularização nas mídias das interpretações rasas a partir do signo solar (dia e mês do nascimento) do sujeito, a Astrologia ficou estigmatizada e reduzida ao horóscopo diário, semanal ou mensal. A Astrologia é bem mais complexa do que a simples análise para cada um dos doze signos, fazendo crer que a Astrologia seria mais um instrumento de autoajuda do que orientação pessoal. Astrologia é uma prática sistematicamente reflexiva e analítica, confiada a cada um dos analisados a partir de seu tema natal;
3) Depois dos 30 anos o Ascendente domina – não há lógica nessa afirmação. O retorno de Saturno que ocorre a cada 28-30 anos sugere um ciclo de amadurecimento psíquico, podemos até dizer que traços pertinentes à persona (Ascendente) podem se afirmar na personalidade do indivíduo, mas jamais dizer que o Ascendente se torna superior ao signo Solar ou mesmo Lunar. Então, nada de achar que é o Ascendente quem dita sua vida depois dos 30, ok?
4) Cada ano tem um regente planetário – essa é uma das crenças mais comuns e propagadas a cada final/início de cada ano. Tudo se inicia com a tabela de regências dos caldeus. Com a relação no passado entre a Astrologia e a Alquimia, estabeleceu-se uma associação dos 07 metais e 07 planetas (visíveis a olho nu, os luminares Sol e Lua até Saturno), fruto, também, das regências dos dias da semana e os planetas. Há um ciclo que se renova a cada 36 anos, baseado nos decanatos dos signos. Não há razão de considerarmos essa associação e o Brasil é um dos poucos países no mundo que ainda divulga esse equívoco;
5) Mercúrio retrógrado deve ser temido – existem 08 planetas “retrogradáveis” considerados na Astrologia Ocidental e, incrivelmente, é Mercúrio, um dos planetas com menor duração de translação e menor tempo de retrogradação, ganhou status de ‘planeta-problema’. Não há tanto frisson quando se trata de um retrogradação de Marte ou Saturno, por exemplo, fazendo crer que todos os prejuízos acontecidos no ciclo da retrogradação de Mercúrio, que o planeta é responsável por todos os males. Aprenda: retrogradação significa “revisão”, se ocorrer algum atraso é por culpa exclusivamente do indivíduo e não do planeta (o processo dificulta, mas não decide tudo);
6) Um eclipse é portador de desgraças – sempre é importante saber onde o eclipse acontecerá, seja ele solar ou lunar, na casa e planetas tocados. Os eclipses podem apenas ser um expurgo, um mergulho nas sombras para identificação das dificuldades ou crises, mas não, necessariamente, anunciadores de dores e ranger de dentes. Tudo dependerá dos elementos envolvidos no mapa e a fase da vida do indivíduo;
7) Você pode mudar seu signo solar ou o mapa num todo – nas últimas duas décadas surgiram anúncios na rede e em panfletagens prometendo modificar o signo solar ou mapa num todo, para gerar crescimento, sorte e progresso pessoal. Não há a mínima possibilidade disto acontecer, sugerindo oportunismo por parte dos anunciantes que, certamente, conhecem pouco ou nada sobre a prática. Em nada diferencia o tal de “trago o seu amor em 03 dias”. Nosso mapa progride, mas não por nossa vontade;
8 ) A Astrologia Sideral é superior à Astrologia Tropical – são formas diferentes para se compreender a realidade. Não podemos desprezar nenhuma técnica ou caminhos para o conhecimento, criando uma animosidade desnecessária entre os praticantes das áreas. Devemos lembrar que a Astrologia é uma técnica de caráter simbólico-filosófico que não está atrelado às limitações matemáticas, transcendendo a condição geográfica do observador celeste e a corrente adotada.