Entende-se por ‘sintoma’ indícios ou traços que apontam na direção de algo. Um ‘sintoma simbólico’, neste caso, evoca a ideia de que uma imagem se liga à outra por componentes simbólicos que evocam significados paralelos ou complementares, cuja representação obedece o contexto imagético essencial. Por exemplo, a cruz do cristianismo não é a mesma que se encontra no circuito hospitalar, mas encontram similitude por apontarem para o mesmo sintoma: salvação (de formas diferentes).
Tomemos o caso de 03 arcanos maiores do baralho Waite-Smith: o “Carro” (07), a “Roda” (10) e a “Estrela” (17). Quero me fixar em dois símbolos especialmente: a esfinge e a estrela. Poderia falar das dragonas do personagem do “Carro” com o arcano “Lua” (18), em paralelo com a face do astro. A estrela que se encontra na coroa do herói do arcano 07 está em paralelo com a estrela polar (a maior) do arcano 17. Ora, quando se estabelece um paralelo entre um símbolo de um arcano com o outro, o sintoma encontrado é: guia. No arcano 07, a ideia de guia, está mais para condutor; no arcano 17, está mais voltado para orientação. Isso parece refletir a mesma intenção simbólica: levar o indivíduo a algum lugar. Daí, podemos refletir sobre certas frases, tais como “sua cabeça, seu guia” (arcano 07) ou “seguir sua estrela-guia” (arcano 17). Em todo caso, a guiança é o principal sintoma simbólico.
No caso do arcano 07 com o arcano 10, em comum podemos encontrar uma conexão com a esfinge. Da mesma forma, poderia citar as rodas da biga em paralelo com a roda do arcano 10. Mas, quero me ater a esfinge. Duas esfinges, uma negra e outra branca estão à frente da biga, substituindo os cavalos dos baralhos clássicos. Esse contraste, tal como a representação do Tao (Yin e Yang), sugere os caminhos claros e sombrios da jornada. Afinal, o herói (arcano 07) é aquele que conquista o equilíbrio entre os opostos. No entanto, esfinges são figuras híbridas, enigmáticas, talvez um dos seres míticos mais antigos da humanidade, já que era representada pelos assírios antes mesmo dos egípcios. Por que duas esfinges? Porque a jornada é realizada por questionamentos (de onde vim? para onde vou?). Em paralelo com o arcano 10, a esfinge não mais subjugada pelo herói encontra-se no topo da roda com a espada da razão. Ali ela sucessivamente faz a provocação em relação ao nosso destino (não mais a ideia “de onde para onde?” e sim “por que e para que?”). Neste caso, a intenção simbólica é a mesma: levar ao questionamento. Quando se estabelece um paralelo entre um símbolo de um arcano com o outro, o sintoma encontrado é: sorte. No arcano 07, essa sorte sugere “força invencível a que se atribuem o rumo e os diversos acontecimentos da vida”; no arcano 10 o caráter é outro: “destino”. Algumas frases podem estar aí relacionadas: “A sorte ajuda os audazes” (arcano 07) e “estar entregue à própria sorte” (arcano 10). Ainda podemos encontrar correspondência sintomatológica entre os arcanos 07 e 10 com o arcano 17: ‘sorte’ como “característica daquele que frequentemente consegue o que quer; BOA ESTRELA, fortuna, felicidade”. Em todo caso, a ideia por detrás é de responder ao destino.
Ao final, podemos observar as correspondências por valores numéricos: 07 + 10 = 17. Ou seja, você só chega onde precisa quando aprende a dominar as contrariedades da vida ou, “depois da guerra, a paz”.
É fundamental refletirmos além das imagens, pois elas nunca são totalmente literais. Os símbolos existem para isso: para dizer o não dizer.
Vivendo em meio aos livros desde criança na biblioteca de meu pai, despertei interesse logo cedo por Literatura e História. Aos onze anos, comecei a me identificar com História Antiga, mais precisamente Egiptologia e afins. O primeiro contato com o mundo esotérico surgiu das pesquisas feitas com Piramidologia e estudos sobre energia cósmica.