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Os quatro Anjos do tarô

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As figuras dos anjos pertencem tradicionalmente à cultura judaico-cristã (citados também no Alcorão) e seu nome vem do grego “ágellos” (e do latim “angelus”), que significa “Mensageiro”. Poderíamos então dizer que tais seres são intermediários entre Deus e os homens. Tradicionalmente, são representadas por figuras aladas, puras, muito próximas dos

Eros e Psiquê Tela de François-Pascal-Simon Gérard

caracteres humanos, sempre prontas para servir ou intervir espiritualmente a favor daqueles que os invocam.

Os principais atributos de um anjo são:
1. Pureza
2. Obediência
3. Zelo
4. Paciência

A pureza é um atributo divino natural, é um espelhamento da divindade. A obediência está na concepção de que um anjo deve servir à Deus e servir aos homens. Zelo pode evocar a idéia de que a proteção e cuidado sejam as metas de um anjo. Paciência para nos tolerar em todos nossos defeitos… Ser anjo não deve ser fácil!

Arcanjo Rafael Ícone bizantino

Certamente, tudo está inserido dentro de uma mítica religiosa. Tais figuras permeiam o imaginário coletivo há séculos e foi a forma simbólica mais apropriada para retratar a aproximação dos homens de Deus, antes dos santos. Ou seja, os anjos tornaram-se uma espécie de
ponte simbólica espiritual, um meio para se chegar à “comunhão mística” com a Divindade.

Na iconografia clássica do tarô (do século XIV ao século XVIII), encontramos explicitamente quatro figuras angelicais: no arcano 6 – Enamorados, no arcano 14 – Temperança, no arcano 15 – Diabo e no arcano 20 – Julgamento. Não estou a considerar a figura angelical encontrada no arcano 21 (Mundo) que faz menção ao evangelista Mateus. Devemos ter em mente que o tarô recebeu forte influência artística de cunho religioso, uma tentativa de sacralizar o baralho nos primórdios de seu aparecimento.

Analisando cada um dos quatro anjos, percebemos características bem peculiares que os distinguem entre si. Alguns, certamente hão de se perguntar por que o arcano 15 (Diabo) se encontra classificado na classe angelical; muito simples: Lúcifer era, segundo a mítica bíblica, o mais belo dos anjos e também o mais subversivo dentre eles. Mas, contaremos os detalhes mais à frente.
Podemos classificar essas quatro figuras angelicais através dos quatro elementos conhecidos (água, ar, fogo e terra). Cada elemento encerra um grupo de atribuições, relacionáveis a cada um desses anjos. Seriam como regências, idéias associativas simbólicas entre os referidos seres e os elementos. Assim, classifico: anjo do “Enamorados” – água; anjo da “Temperança” – terra; anjo do “Diabo” – fogo; e anjo do “Julgamento” – ar.

Lucifer Liege Luc Viatour

O primeiro está a representar Cupido (o Eros grego), o anjo do amor que flecha os casais, unindo-os. Esse anjo mítico nasce no mito grego sob a forma de Eros, e passa a ser personificado de forma romântica. É o anjo das escolhas do coração. Nada mais justo que atribuir a ÁGUA, símbolo do sentimento e fantasia, a essa figura.

O segundo está a representar Rafael, o anjo curador. Manipula as ânforas (ou taças), numa atitude de troca do conteúdo de uma para outra, como se “preparasse um remédio”. É o único anjo que aparece tocando a terra, o que, apropriadamente, significa “aproximar-se de nossa realidade”. Diz respeito ao tempo certo de cada coisa. O elemento atribuído é a TERRA, que símbolo do mundo tangível e do corpo físico.

O anjo Gabriel Autor não identificado

O terceiro está a representar Lúcifer, o anjo “portador da luz”. Aqui, luz tem um significado extensivo e se reporta principalmente ao termo “Consciência”. Esse anjo, segundo as narrativas, foi expulso dos céus ao contestar Deus. Na verdade, é símbolo do pensamento crítico e do esclarecimento. Atribuo a ele o elemento FOGO, por estar associado à vontade, à clareza de propósitos e aos desejos.

O quarto está a representar Gabriel, o mensageiro dileto de Deus.
É o anjo anunciador, aquele que transmite as mensagens divinas. Interessante frisar que, na mítica bíblica, Gabriel assume o lugar de Lúcifer no céu, após este último ter “caído”. Gabriel anuncia à Maria a vinda do Messias. No arcano, o anjo insinua o “Apocalipse”. O elemento atribuído é o AR, associado ao pensamento e comunicação.
Temos aqui, representados, uma idéia geral das quatro figuras angelicais principais. Cada anjo é incumbido de um plano humano, a representar a elevação do ser humano em cada um deles. As analogias com as alegorias cristãs se fazem presentes devido à influência religiosa que determinou a arte no tarô durante o final da Idade Média e Renascença. Lembremos que o tarô é uma fusão de idéias (símbolos) pagãos e cristãos, de forma geral.

O surgimento de um dos arcanos citados no plano espiritual, normalmente é um indício de proteção para o consulente. É como se esse recebesse o auxílio necessário em sua jornada. Quando nos depararmos com uma das figuras, lembremos o plano que está a edificar, pois será esse o beneficiado.

Giancarlo Kind Schmid
Giancarlo Kind Schmid
Vivendo em meio aos livros desde criança na biblioteca de meu pai, despertei interesse logo cedo por Literatura e História. Aos onze anos, comecei a me identificar com História Antiga, mais precisamente Egiptologia e afins. O primeiro contato com o mundo esotérico surgiu das pesquisas feitas com Piramidologia e estudos sobre energia cósmica.

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