The Ninth Gate (no Brasil, ‘O Último Portal’; em Portugal: A Nona Porta) é um filme hispano-franco-estadunidense de 1999 dirigido por Roman Polanski, com roteiro de John Brownjohn, Enrique Urbizu e do próprio Polanski baseado no romance The Club Dumas, de Arturo Pérez-Reverte.
O filme gira em torno do livreiro Dean Corso (Johnny Depp), um especialista de má reputação em livros raros. É contratado por Boris Balkan (Frank Langella), rico editor e bibliófilo cuja temática é o demônio. Ele é o recém possuidor do livro ‘Os Nove Portais para o Reino das Sombras’, do veneziano Aristide Torchia publicado em 1666, que pertencia a Andrew Telfer (Willy Holt) que se suicidara. Balkan não acredita na autenticidade do livro e pede a Corso compará-lo com os outros dois exemplares que restam no mundo: o da coleção Fargas em Sintra, Portugal e o da coleção Kessler, em Paris. Uma série de assassinatos e eventos misteriosos (de teor ocultista) se revelam em torno do protagonista e da obra, que precisa ser decifrada.
São citados ao longo do filme diversos livros históricos: Hypnerotomachia Poliphili, Os trabalhos de Persiles e Sigismunda, os quatro volumes de Don Quixote de la Mancha, La Démonomanie des Sorciers de Jean Bodin, Daemonolatreiae libri tres de Nicolas Rémy, Compendium Maleficarum de Francesco Maria Guazzo, Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas de Dale Carnegie, Dictionnaire Infernal de Plancy e Del compendio de’ secreti rationali de Leonardo Fioravanti. Essas obras, em particular, merecem a atenção dos expectadores e pesquisadores.
O filme leva o expectador a fazer uma imersão profunda na semiótica oculta. Inevitavelmente, o observador mais atento se deparará com uma rica simbologia envolvendo tarô, cabala, sigilos mágickos e satanismo, presentes nas 09 gravuras da obra ‘Os Nove Portais para o Reino das Sombras’ que funcionam como chaves, uma vez combinadas. Cada gravura merece uma atenção especial. Abaixo apresento um resumo simbólico de cada uma delas.
Observações importantes: a inversão dos números 666 e 999 está presente na cena em que Corso entra na biblioteca dos livros raros. O estudioso de demônios convida Corso para conhecer a sua coleção de livros. Para ter acesso a primeira sala ele digita o código 666 e para chegar onde está o livro dos nove portais é necessário digitar mais uma senha que é 999.
Dentro da sala que está o livro “sagrado” o colecionador revela que existem 3 livros iguais. Dessa forma, temos a proporção satânica de (1-1-1) que representa a esfera central de Bahá. A tríplice (1-1-1) representa o Anticristo e a Besta de dois chifres.
O objetivo do colecionador é achar as nove páginas que levam para o caminho da iluminação e a imortalidade que estão contidas nos três livros Aqui temos mais uma proporção do tipo (3-3-3), pois cada livro contribui com uma das três ilustrações que levam para o caminho da iluminação luciferana. A proporção (3-3-3) representa os nove mestres eleitos do Anticristo. Os portais são formados por nove ilustrações que aqui serão analisadas.
1) O Cavaleiro e o Segredo
Essa ilustração representa a importância de guardar o segredo das eras, ou seja o nome do prometido. Por esse motivo a figura apresenta um cavaleiro fazendo um gesto pedindo silêncio.
Na vida real, os templários aguardavam a chegada de Cristo e pelo segredo protegiam o Monte Carmelo, onde está o Arco de Baha’u’llah e o santuário do Báb) até que ele chegasse. Em 1863 alguns templários gnósticos alemães ouviram o clamor de Baha’u’llah e desde então guardaram o segredo das eras. A veracidade dessa informação encontra-se escrita no livro “A Presença de DEUS” do guardião da Fé Bahá’i Shoghi Efendi. Abaixo temos um trecho:
“Assim o mausoléu do Báb – uma estrutura, a um tempo, maciça, simples e imponente, abrigada no coração do Carmelo (…) a colônia dos Templários Alemães, que, na expectativa da “vinda do Senhor”, haviam abandonado seus lares e se congregado ao pé dessa montanha, no mesmo ano da Declaração de Bahá’u’lláh em Bagdá (1863)… “ (Shoghi Effendi – A presença de DEUS).
Obs.: 1863 é uma data cabalística de nove (1+8=9) e (6+3=9) e corresponde ao ano 1279 no calendário maometano.
Desde essa data surgiram novos ritos na maçonaria que se infiltraram através da Sociedade Secreta Rosacruz. O objetivo deles é criar uma maçonaria mais gnóstica e espiritualista, pois Albert Pike tinha apenas uma visão materialista do governo mundial. O resultado dessa infiltração podem ser vistos nas baterias dos ritos maçônicos, por exemplo:
No grau nove a bateria é 3x3x3 (!!! !!! !!!) que representa o número do prometido, mas o importante é que o maçom não descubra o nome de Baha’u’llah, pois assim ele continuará sendo manipulado espiritualmente.
No tarô, a figura faz menção ao Cavaleiro de Copas, baseando na figura do Rider Waite-Smith, o guia é zelador do caminho, aquele que protege o Graal, tal qual a figura de Parsifal dos mitos e crônicas arturianas. Ele protege o caminho para a Terra Sagrada e mantém o segredo incólume.
2) O Oitavo Rei e o Plebeu Desconhecido
Nessa outra carta temos um rei jogando com um plebeu e no tabuleiro temos oito peças que representam o oitavo rei. Observe que o oitavo rei está com os braços cruzados, pois a sua estratégia está completa e o plebeu é que precisa jogar.
No fundo da figura temos dois cães (um branco e outro preto) simbolizando a luz e as trevas. Isso também é uma representação simbólica dos números 999 e 666. Na parte superior da figura temos uma lua que é o símbolo do Islã. Isso significa que o oitavo rei veio do império Persa. Exatamente como o profeta Daniel nos escreveu, pois o capítulo 11 narra a dinastia do império Medo-Persa e foi dali que surgiu um homem que se passou por arrecadador da Glória de DEUS ou do reino:
E em seu lugar se levantará quem fará passar um arrecadador pela glória do reino; mas em poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha. (Daniel 11 : 20).
Durante as investigações de Dean Corso existem dois caminhões diferentes, mas as placas possuem o mesmo número que são 06.08.09. Mais uma vês temos o duplo sentido do 666 e 999 e o oito representando o oitavo rei.
Observe que o tabuleiro de xadrez não apresenta as casas alternadas (preto e branco), sugerindo um jogo onde um só ganha; na imagem 08 esse detalhe das casas do xadrez surge no piso, simbolizando que ganhar e perder é muito relativo.
No tarô, temos a figura da Lua (arcano 18) ao fundo com dois cães a se atracar e a figura do Rei de Ouros diante da mesa e tabuleiro quadrado (matéria). Vem a simbolizar que os verdadeiros tesouros se mantém oculto, protegidos do olhar leviano dos curiosos ou gananciosos e que sua busca revela-se como um perigo.
3. O Pendurado
Várias pessoas são sacrificadas para ativar os portais durante o filme. Uma delas é o vendedor de livros raros do qual Dean Corso pede para guardar o livro por algum tempo. O corpo do vendedor é posicionado em forma de um seis, mas uma das ilustrações do livro mostra o seis ao contrário, dessa forma temos novamente a inversão do 999 e do 666.
A figura do Pendurado (arcano 12) dependurada da amurada de uma torre, com a figura do Ás de Paus (ou Ás de Espadas flamejante, ou mesmo a espada do arcano 15, o Diabo) a surgir de uma janela, sugere que a jornada da iniciação espiritual é repleta de armadilhas e exige sacrifícios. Importante ressaltar que a posição do Pendurado é um castigo vergonhoso aplicado a certos cidadãos na cultura judaico-medieval por roubos, adultério ou traição. Aliás, o nono círculo infernal (isto te lembra algo?) descrito por Dante Alighieri na obra ‘Inferno’ da Divina Comédia, o indivíduo que havia traído a igreja ou o Estado, era denominado de ‘Il Traitore’ e pendurado de cabeça para baixo. A chama do Ás de Paus parece quase alcançar a corda, revelando a queda humana, tal como Adão no Éden. O significado é que o caminho espiritual é tortuoso, sofrido e arriscado, dependendo do que se almeja.
4. A Dama Escarlate (Babalon)
Essa ilustração é a mais importante do filme. Ela é representada por um dragão com sete cabeças e dois chifres em cada cabeça,uma mulher nua (que representa a perversão sexual e também uma prostituta) e um castelo com três torres sendo queimado no fundo. Essa carta possui um grande valor para o colecionador do livro que contratou Dean Corso, pois é através dela que ele inicia o ritual iluminista. o falso portal.
Para realizar o ritual, o colecionador marca o local da iniciação que é dentro do castelo com três torres fazendo um circulo com gasolina e depois disso joga gasolina no seu corpo. Através desse ritual o colecionador espera que satanás lhe proteja das dores do fogo eterno, pois o mesmo possui um pacto com o diabo.
Na medida em que o corpo do colecionador vai sendo queimado, ele até começa a não sentir nada, mas após alguns segundos ele grita de dor e morre queimado. Nesse momento, Dean Corso o mata com um tiro e rouba os portais. O colecionador foi morto por que recebeu uma carta falsa do último portal. A verdadeira carta é representada por um dragão com sete cabeças e dois chifres em cada cabeça,uma mulher nua e um castelo com três torres. No fundo temos uma estrela de oito pontas e não o castelo sendo queimado como na carta que o colecionador recebeu. o verdadeiro portal.
A simbologia de tudo isso é a seguinte: o dragão possui sete cabeças que representar os sete reis do livro de apocalipse. A estrela de oito pontos no fundo da ilustração é uma referencia ao oitavo rei.
Os em cada cabeça possui dois chifres totalizando 14 chifres. Os 14 chifres são: O Anticristo e seus nove mestres eleitos = 10; O falso profeta que é o Papa = 1
A besta de dois chifres = 2 e a besta do Abismo (1).
O castelo com três torres representa o Anticristo e a besta de dois chifres (1-1-1). É a mulher assentada no dragão que também é uma besta, a Babilônia americana.
E as sete cabeças representam os sete reis da revelação progressiva.
E são também sete reis; cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo. (Apocalipse 17 : 10).
Outro fato importante é que dois livros estão na Europa e essa escolha não foi por acaso. Para entender a importância da Europa na Nova Ordem Mundial precisamos recorrer ao mestre da globalização Abdu’l’Bahá. Quando Abdu’l esteve nos EUA em 1912 ficou indignado com o materialismo do povo europeu e desabafou esse sentimento com os americanos como descrito abaixo: “… Numa viagem anterior, eu fui à Europa, visitando Paris e Londres. Exteriormente, Paris é muito bonita. As evidências da civilização material são muito grandes naquela cidade, mas a civilização espiritual está bem atrasada. Vi o povo daquela cidade submerso e se afogando no mar de materialismo (..)”.
Mais adiante, e na mesma palestra, Abdu’l não vê outra alternativa para converter os europeus aos ensinamentos de Baha’u’llah a não ser que através da ciência para trazer ao plano visível o sinal unificador de Baha’u’llah (a estrela de nove pontas), ou seja trazer esses sinais para o plano visível. Essa é a função do acelerador de partículas (LHC):
‘(…) Todas as ciências, artes e descobertas eram mistérios da natureza e, de acordo com a lei natural, esses mistérios permaneceriam latentes e
ocultos; mas o homem procurou romper essa lei e livrar-se de seu domínio, trazendo essas coisas para o plano visível.’
É por esse motivo que ao fundo aparece a estrela de oito pontas que é o caminho da iluminação para a estrela de nove prontas que unificará a humanidade.
A ordem dessas duas estrelas estão presentes na tumba de Baha’u’llah. No jardim temos a de oito e na porta do seu santuário temos a estrela de nove pontas que representa o nome perdido dos maçons, o número do prometido da cabala e de alguns falsos evangélicos como Morris Cerullo significa completo.
Já no mundo católico, as sociedades secretas maçônicas introduziram a estrela de oito pontas na frente das igrejas e também a roda de oito etapas da iluminação que está na praça de São Pedro no Vaticano.
princípio criador masculino. Babalon costuma ser descrita como portanto uma espada à cintura e montando a Besta, a qual controla através de sua Vontade. Costuma ser descrita como sendo uma Prostituta Sagrada, sendo seu símbolo primordial o Graal ou Cálice (símbolo do útero gerador). Conforme Crowley escreveu em “The Book of Thoth” (“O Livro de Thoth”), na descrição da carta “Lust” (“Desejo”), na qual ela aparece:
Como Crowley escreveu:
“Ela monta a cavalo sobre a Besta; na sua mão esquerda ela mantém as rédeas, representando a paixão que os une. Na sua direita ela mantém no alto o cálice, o Santo Graal ardente de amor e morte. Nesta taça são misturados os elementos do sacramento da Eternidade (Aeon)”.
No tarô remete à Força (arcano 08 ou 11), cujo Atu no Tarô de Toth (de Crowley) é Luxúria ou Volúpia (ou Tesão). Este Trunfo foi anteriormente chamado de Força. Mas implica muito mais do que força no sentido comum da palavra. A análise técnica mostra que o Caminho correspondente à carta não é a Força de Geburah, mas a influência de Chesed sobre Geburah, o Caminho equilibrado vertical e horizontalmente na Árvore da Vida (ver diagrama). Por esta razão, pensou-se melhor mudar o título tradicional. A luxúria implica não apenas força, mas a alegria da força exercida. É o vigor e o arrebatamento do vigor. Seu significado sugere deixar-se guiar pela pulsão de Eros, sem desconectar-se de seu Eu. No filme revela o sentido do sexo como portal para uma outra esfera espiritual.
5. O Eremita à Porta
Esta gravura, representando o Eremita ou Ermitão (Arcano 09) revela um ancião batendo à porta. O seu simbolismo se encerra no seguinte axioma:
“sobe ao monte e contempla a Terra Prometida, mas não te afirmo que entrarás nela”.
A sua letra hebraica é Teth. Tet é uma letra paradoxal na medida em que revela ao mesmo tempo o bom (tov) e o mau. A forma da letra é “invertida”, sugerindo bondade oculta, como a de uma mulher que está grávida. No entanto, por vezes, o potencial para a bondade (tahorah) é pervertido, e a impureza ou imundície (tumah) são os resultados. Neste caso, a jornada envolve sabedoria, clarificação da realidade, caminho solitário e respeito ao tempo das coisas. Só ingressa no recinto aquele que tiver a gnosis, o conhecimento superior. Próximo ao Eremita um cão negro o observa, sugerindo a própria figura do demônio vigilante. Ele segura as chaves, tal como Pedro mantinha guardadas as chaves da igreja.
6. A Trilha do Tolo
Nesta gravura vemos a imagem do Tolo ou Louco (arcano sem número, 0 ou 22) seguindo em direção à ponte do castelo central da trama (que surge em várias gravuras, interna e externamente), tendo a figura de Eros (Cupido) a lançar uma flecha. As duas torres lembram as construções do arcano ‘Lua’. Basicamente, é ter cuidado com a ingenuidade e não se deixar levar pelo arrebatamento provocado por Eros. O desafio do personagem Corso sugere que escolhas equivocadas levam a caminhos tortuosos. O traço realmente importante dessa carta é que seu número deve ser 0. Representa, portanto, o negativo acima da Árvore da Vida, a fonte de todas as coisas. É o zero qabalístico. É a equação do universo, o equilíbrio inicial e final dos opostos; o ar, nessa carta, por conseguinte, significa quintessencialmente o vácuo. A máxima thelêmica aqui resumida é:
“Eis que Tu, Buscador, recebes aqui a pura inspiração,
Faze o que tu queres, há de ser o todo da lei;
Que tua vontade primeva seja regada,
e na luz superior, cresça.”
7. O Jogo da Vida
Nesta imagem o Tolo se depara com um grande labirinto dentro da construção, tendo ao seu lado dados. Me lembra a frase de Einstein ‘Deus não joga dados’. De acordo com a história, Segundo a própria tradição grega, os dados teriam sido inventados por Palamedes, companheiro do herói Agamenon, na mitológica guerra de Tróia. Tudo indica, porém, que o jogo era conhecido por todos os povos da antigüidade: egípcios, persas, assírios e babilônios. Mais tarde, por volta do ano 302 a.C., os legionários romanos que conquistaram a Grécia acabaram por difundir o jogo por todos os países sob seu domínio. A segunda frase mais famosa do imperador Júlio César (100-44 a.C.) – só perdendo para a última delas: “Até tu, Brutus!” -, desferida quando ele se lançou à tomada do poder em Roma, citava o jogo de dados: Alea jacta est, ou “A sorte está lançada”. Esta frase revela o desafio de se lançar na busca/procura ou a sujeição ao destino. No entanto, o Tolo se depara com um labirinto. Representado no chão de muitas igrejas medievais, o labirinto era uma simbologia da peregrinação cristã à Terra Santa e também um símbolo das confrarias iniciáticas de pedreiros. Tanto na tradição cristã como pagã, o labirinto simbolizava também o mundo subterrâneo, o lugar dos mortos ou o inferno. A imersão de Corso no filme é a travessia de seu próprio inferno na busca por respostas, na ambição de ser contratado para encontrar o ‘Livro Maldito’.
8. A Morte Cerceia o Acumulador
Essa figura alerta sobre o perigo da ganância e da ambição desmedida. Todo perigo em torno de Corso surge quando aceita ser bem pago pela aquisição da obra proibida. Duas cartas do tarô estão aqui reunidas: A Morte (arcano 13) e o 04 de Ouros. Essa combinação evidencia que a própria morte se aproxima de Corso, um acumulador de livros, ganancioso nos ganhos. Amigos e conhecidos do protagonista morrem todo tempo na trama, sugerindo os perigos da ganância. Há de revelar grandes mudanças na vida do personagem também. Segundo Crowley, ‘o sentido alquímico da Morte é mais o de mudança do que de destruição. Então, nós temos, nesta carta, o Escorpião no Atu representando a energia primitiva, sempre pronto a cometer suicídio (de acordo com a lenda) quando duramente cercado, mas preparado para se submeter a qualquer transformação, que permitirá a continuação de sua existência sob uma forma diterente. A influência de Saturno é expressa no aspecto negativo da Morte, como representante das formas essenciais que não são destruídas pelas mudanças ordinárias da natureza; o lado positivo e criativo é visto no ceifar da foice, trazendo bolhas à existência, simbolizando novas vidas. O aspecto mais alto da carta é a Águia, que representa a exaltação sobre a matéria sólida’. No caso do Quatro de Discos (Ouros) = Poder. Chesed no naipe da Terra. Sol em Capricórnio. Os Discos (Ouros) são muito grandes e sólidos, sugerindo uma fortaleza. Esta carta simboliza a Lei e a Ordem, mantidas pela constante vigilância. A Morte sempre chega mesmo para aqueles apegados a esse mundo e às coisas da Terra.
9. A Execução da Dama e o Destino Implacável
Nesta última imagem, uma jovem mulher está prestes a ser executada. Ao fundo vê-se o castelo da trama, além da Roda da Fortuna. Dois arcanos fazem presença: a Roda (arcano 10) e o Valete de Espadas. A donzela prestes a ser decapitada sugere o sangue de inocentes a ser derramado. Perto dela há uma mandrágora, a planta dos condenados. Nativa da região do Mediterrâneo, a mandrágora é uma planta da família das Solanaceae (família botânica de plantas com flores). Seus frutos são amarelos, carnosos, aromáticos porém muito tóxicos, e eram chamados de as maçãs do diabo pelos árabes, devido aos seus efeitos afrodisíacos. A planta, cuja raiz lembra um homúnculo, possui características alucinógenas, analgésicas, narcóticas, sedativas e, também, purgante. Antigamente, servia para aliviar dores, no tratamento de problemas do sistema nervoso e também no cuidado de úlceras. Medievalistas e renascentistas acreditavam que a mandrágora nascia ao pé dos cadafalsos dos condenados.
O Valete de Espadas (Princesa de Espadas no Tarô de Toth) replica a máxima popular envolvendo a própria figura do Diabo como “o pai da mentira”. No Tarô de Toth atesta que ela pode até estar trabalhando como agente duplo, colocando os dois lados um contra o outro para servir a sua própria agenda. Sua vigilância muitas vezes esconde um motivo oculto. Ela é uma observadora que deve ser observada, pois sonha em um dia fazer justiça com as próprias mãos, antecipando-se aos planos de seus patrões. Aqui sugere que Corso pode ser vítima das mentiras contadas. E, dependendo no que venha crer. Poderá mudar seu destino. Segundo o Atu X na abordagem crowleyana: ‘a FORTUNA da Nova Æra diz: “Faça o Caminho que É você mesmo, e assim terá uma Nova Percepção do que seja Você em sua Totalidade” ‘ .
Este filme é uma importante alusão aos perigos e desafios na busca da senda iniciática. A própria ideia simbólica sobre a obra diabólica é de que o conhecimento em mãos erradas pode te levar ao abismo (Daath).
Vivendo em meio aos livros desde criança na biblioteca de meu pai, despertei interesse logo cedo por Literatura e História. Aos onze anos, comecei a me identificar com História Antiga, mais precisamente Egiptologia e afins. O primeiro contato com o mundo esotérico surgiu das pesquisas feitas com Piramidologia e estudos sobre energia cósmica.