Fanes ou Phánês (em grego: Φάνης, “luz”), na mitologia grega, é uma divindade nascida do ovo cósmico que dividiu Aeon e Ananque, e a divindade primogênita da Criação, mas também poderia ser considerado filho de Hidros e Gaia ou de Poro e Pênia. Também poderia ser chamado de Ericapeu, Príapo, Antauge, Faéton e Protógono. Era considerado o mesmo que Eros.
Fanes era o governante dos deuses e deu o cetro de seu reinado para Nix, sua única filha (segundo a tradição órfica), que por sua vez o deu a seu filho Urano. O cetro foi levado à força pelo filho de Urano, Cronos, que o perdeu para Zeus, o governante final do universo. Dizem que Zeus devorou Fanes para apoderar-se de seu poder primordial sobre toda a criação e reparti-lo entre uma nova geração divina: os olímpicos.
A representação de Fanes como “aquele que traz a luz” está em paralelo com a figura do Cristo cósmico. Também é uma referência ao deus Mitra e ao deus primordial Eros, o Aion. Originalmente, a imagem do arcano 21 “O Mundo” ou “Universo” é do Cristo ressurrecto no centro da mandorla (ou vesica piscis, vesícula do peixe) como representação da grande vagina (Mater Natura, ou Mãe Natureza), cercado pelos 04 evangelistas. Se tomarmos as imagens de Fanes, normalmente o veremos cercado pela mandorla com os 12 signos zodiacais. Os 04 evangelistas, como representação do quaternário, podem evovar os 04 pontos cardeais, os 04 elementos, 04 funções psíquicas (pensamento, sentimento, intuição e sensação), dentre outras conexões possíveis. O aspecto afeminado da figura central do arcano 21 é uma reinterpretação da figura do Cristo substituído pela Anima Mundi. Lembremos que o tarô e sua iconografia original baseou-se no simbolismo pagão e cristão. Fanes é uma sugestão simbólica da renovação, da divindade nascida do ovo cósmico, ou da vagina universal, tal como a sepultura deixada para trás pelo Cristo renascido. O cristianismo integra mitos diversos para contar suas histórias e simbolizar suas narrativas.
O arcano 21 evoca a completude. A ressurreição crística é o último estágio da iniciação de Jesus na Terra. Fanes também faz este papel original de integrador, mensageiro da luz e unificador espiritual. O arcano 21 é o ápice da conniunctio cósmica, da comunhão e transcendência. A Páscoa, como rito judaico-cristão simboliza a nova ordem cósmica, da harmonia entre céu e terra, do renascimento e da conversão/união do homem em/com Deus. Lembremos, então, que a Páscoa é, antes de tudo, uma rememoração do mito de Fanes, o unificador da luz.