Nos anos 70, com a explosão do movimento hippie e Flower Power, a liberação das drogas como o LSD e a maconha, a criação da pílula anticoncepcional e a liberação sexual, a explosão da cultura pop com seu colorido vibrante e lisérgico que misturava rock com teatro gerando musicais como Hair, Jesus Christ Superstar e Tommy, foi propagada a ideia de um novo advento libertador e fraterno, fruto de um pós-guerra (Vietnã), do forte impacto da ida do homem à Lua e dos confrontos sociais envolvendo o antirracismo e o feminismo. Um frisson tomava conta do mundo com a promessa que os novos tempos soprariam o vento da paz e do amor. Na década seguinte a cultura mística e esotérica faria o papel de multiplicar autores de autoajuda, de um movimento que passou a ser chamado de New Age (com um estilo musical e práticas voltadas para a meditação e relaxamento), uma moda que enalteceria o universo mágico com duendes, fadas e gnomos presentes em camisas, acessórios, souvenirs, muito incenso e um fortalecimento das práticas esotéricas. Durante duas décadas, pelo menos, nos foi vendida a ideia de um futuro promissor, de uma humanidade mais humana, de um planeta com cara de Éden.
Se passaram mais de 50 anos desde o início dos anos 70 e cá estamos, em um mundo “recém saído” de uma grave pandemia, com uma guerra em andamento, com a economia mundial vacilante, o consumo de Rivotril em alta, o ser humano cada vez voltado para o seu próprio umbigo e isolado “em sua bolha social”, as sociedades dependentes das telas e o amor em decadência. Parece que toda aquela propaganda dos “novos tempos” não passou de um “comercial de margarina”. O mundo nunca esteve tão frio, distante, deprimido, ansioso e amedrontado como agora. Parece que o plano da Nova Era não vingou.
Se não bastasse todos os problemas inerentes da explosão demográfica com o consumo desenfreado de recursos e a destruição em massa do meio ambiente ameaçando diversas espécies, a sociedade conseguiu emburrecer mais e as máquinas deram um salto quântico em inteligência. Não é preciso ir muito longe: com terraplanistas, antivacinas, teóricos da conspiração, radicalistas neonazistas e fascistas, qualquer calculadora hoje é mais inteligente (e capaz) do que muita gente. O que se consome é duvidoso, os medicamentos só envenenam e até a água (bem natural de direito) é pleiteada para ser monopolizada pela indústria. Estamos na 5° Revolução Industrial e o ser humano sequer saiu da 5° série. A confusão identitária sexual mais gera confusões do que igualdade, a violência galga novos degraus (agora digitalizada), os golpes foram aperfeiçoados, a política se tornou mais cretina, as ciências foram questionadas, perdas de vida se tornaram banais, as relações mais superficiais e os egos mais frágeis. Ou seja, estamos no inferno de Dante e sequer nos damos conta, porque normatizamos a barbárie.
O fato é que a Nova Era, Era de Aquário ou Novo Eon (não importa o nome), nos foi vendida como uma espécie de “viagem às Bahamas”. Foi uma das coisas mais cretinas prometida ao mundo. A Nova Era é, senão, um (re)mergulho na Idade das Trevas, se tratando de intelecto humano principalmente. E, não faltam informações! O que falta é discernimento, bom senso e vontade de aprender. A tal da Nova Era é um grande engodo, ainda comercializado, sob a aparência pseudorreligiosa da promessa de uma ‘Terra prometida’ tal como as gravuras encontradas nos panfletos dos Testemunhos de Jeová ou Mórmons. A Nova Era é, senão, um caminho sem volta para o fim da atual civilização, que já está em plena queda livre já não é de hoje.
Admirado quando disse “fim da atual civilização”? Algo muito normal, a História nos prova que grandes povos tiveram seu início, auge e declínio. Assim foi com mesopotamos, egípcios, romanos, persas, gregos, otomanos e outros. Um circuito natural de desgastes de uma cultura e sociedade, muitas vezes invalidadas por conflitos ou invasões de outros povos. Já a espécie humana é como baratas: dificilmente se extinguirá no planeta, somente após uma grande hecatombe cósmica/natural ou proliferação de alguma doença terrível. Enfim, com 7 bilhões de habitantes no planeta, não é difícil Gaia nos enxotar porque saturamos nosso habitat.
A única solução para tudo isso é: não crie expectativas em nada, não espere nada de ninguém, procure se aperfeiçoar intelectual e espiritualmente, adote uma consciência ecológica, seja cuidadoso com seus recursos, procure cuidar de sua saúde, transe sem se apegar, respeite quem te respeita, beba mais água e menos café, cuide de sua própria vida (e somente da sua) e edifique através dos estudos e trabalho. O resto é pura utopia: Jesus não vai voltar, o arrebatamento não vai rolar, a humanidade não se tornará mais fraterna, o ser humano não se iluminará e ninguém vai pagar suas contas. Tome vergonha nessa sua cara de pau e pare de esperar pelo milagre da salvação que jamais chegará. Estamos “ladeira abaixo e não ladeira acima”, tenha isso em mente. As Inteligências Artificiais estão aí para provar que você é um merd@.
Portanto, a Nova Era é um factoide, um imbróglio criado pela indústria do entretenimento para anestesiar/iludir os incautos. Assim como o fazem diversos templos ou igrejas, em nada difere. Nova Era é o que você faz da sua vida, o resto é “conversinha para boi dormir” de positividade tóxica, de gente que “vende o peixe” do “namastê” (quando quer que você “vásefoder”), da turma gratiluz que só sabe dar lições de moral, dos meditabundos cretinos, dos pseudoiluminados marketeiros, dos messiânicos hipócritas, dos espiritualistas de manual de banca de revista. Quer sobreviver ao “novo advento”? Leia Nietzsche e Schopenhauer. A vida é dura e se você não for forte o suficiente, sucumbirá.
Vivendo em meio aos livros desde criança na biblioteca de meu pai, despertei interesse logo cedo por Literatura e História. Aos onze anos, comecei a me identificar com História Antiga, mais precisamente Egiptologia e afins. O primeiro contato com o mundo esotérico surgiu das pesquisas feitas com Piramidologia e estudos sobre energia cósmica.