“Quos volunt di perdere, dementant prius –
Aquele a quem os deuses querem destruir, primeiro deixam-no louco” (Eurípedes).
Elon Reeve Musk, nascido na cidade de Pretória, na África do Sul, também tem nacionalidade canadense e norte-americana. Aos 51 anos, ele tem um grande currículo, com o cargo de CEO em diversas empresas. Musk é “uma mente visionária”, que “se empenha no estudo e no desenvolvimento de projetos inovadores”.
No entanto, há algo de sombrio que envolve as origens da riqueza de Musk: seu pai era dono de minas de esmeraldas na África do Sul, envolvendo trabalho escravo e prostituição. Se não bastasse isso, com Musk negando as fontes milionárias da família que o financiaram, tem por hábito adquirir patentes e comprar algumas mentes brilhantes para criar projetos como se fossem seus. Não posso deixar de admitir a articulação e engenhosidade de Musk que, pagando muito bem aos seus projetistas em tecnologia e cybercientistas, recebe sozinho a fama de “gênio do século”. Elon Musk não adquire o nome Tesla à toa: deseja ser uma versão moderna do físico que deu nome à sua empresa.
Elon Musk “brinca” de Deus. Deseja povoar outros mundos, ditar modos de viver, decidir o futuro da humanidade e ser uma espécie de “messias sci-fi”, adorado por todos. Deliberadamente, Musk rompe as barreiras de Métron (a linha invisível que separa o humano do divino), abraça Hybris como parte de sua existência. A húbris ou hybris (em grego ὕϐρις, “hýbris”) é um conceito grego que pode ser traduzido como “tudo que passa da medida; descomedimento” e que atualmente alude a uma confiança excessiva, um orgulho exagerado, presunção, arrogância ou insolência (originalmente contra os deuses), que com frequência termina sendo punida. Na Antiga Grécia, aludia a um desprezo temerário pelo espaço pessoal alheio, unido à falta de controle sobre os próprios impulsos, sendo um sentimento violento inspirado pelas paixões exageradas, consideradas doenças pelo seu caráter irracional e desequilibrado, e concretamente por Até (a fúria ou o orgulho). Opõe-se à sofrósina (sophrosyne), a virtude da prudência, do bom senso e do comedimento.
Há uma sucessão de decisões equivocadas, nestes últimos 02 anos, empreendidas por Musk que revelam-se como imprudentes, inconsequentes e duvidosas. A primeira é a insistência em colonizar Marte como se fosse como morar em outro país (ao invés de se ater às necessidades prementes dos habitantes terrestres); decide que carros devem transitar livremente sem motoristas, esquecendo que tecnologias são falíveis (19 pessoas já foram a óbito em carros autônomos da Tesla); povoa o céu com dezenas de satélites (como se o que está acima da estratosfera fosse dele); empreende lançamentos de foguetes com a ansiedade de uma criança; adquire o Twitter (uma das maiores empresas no segmento de redes sociais) para caotizá-la e obter vantagens em cima dos usuários. Musk precisa estar atento aos sinais: se há um encadeamento de problemas que se traduzem em prejuízos, está na hora de repensar suas estratégias e objetivos.
Como simbologista, tenho por hábito observar elementos sinalizadores. O raio que atingiu a torre da plataforma de lançamento do foguete Falcon Heavy, da Space X dias atrás, pode significar que Musk está querendo ir muito além do permitido. Utilizei a imagem do arcano 16, “A Torre” (The New Vision Tarot) que, genialmente, revela o outro lado da cena dos arcanos do Rider Waite-Smith, sugerindo que, por detrás da queda humana sugerida na carta, está a “Árvore do Conhecimento”. Ou seja, o conhecimento mal utilizado pode defenestrar a humanidade de seu mundo. Musk todo tempo brinca de uma mistura de “Deus, Einstein, Tesla e Hawking”. Ao meu ver, não creio que esteja nas posses de suas plenas faculdades mentais. Musk está recebendo vários sinais e ignorando-os sumariamente.
Não basta ter muito dinheiro se não for dotado de sabedoria. Muitos milionários pareceram na história por negligência ou incapacidade, frutos de suas prepotências e narcisismo. Aguardemos o que as Moiras, tecedoras do destino dos mortais, guarda para Musk. Assim como seus foguetes, Musk deve lembrar que “tudo que sobe, desce” e, às vezes, “até despenca”.
Referências:
* Wikipedia.