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O8 De Paus: Faça o seu Pedido

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O 08 de Paus apresenta oito bastões deixando o céu em direção à Terra. Paus, relacionado ao elemento fogo, sugere eventos rápidos, às vezes de natureza efêmera, cujo dinamismo reflete a transitoriedade dentro de uma interpretação. Muitos alunos me perguntam especialmente sobre essa lâmina: o que seriam esses bastões que caem do céu? Qual foi a intenção da artista Pamela C. Smith ao reuni-los dessa forma? E por que oito? A representação mais palpável é a de meteoritos (vulgo “estrelas cadentes” – em inglês, “shooting star”) em um fenômeno comum astronômico chamado “chuva de meteoros” (que acontece anualmente) e que é cercado de mitos e lendas.

CHUVA DE METEOROS

Chuva de meteoros é um evento em que um grupo de meteoros é observado irradiando de um único ponto no céu (radiante). Esses meteoros são causados pela entrada de detritos na atmosfera a velocidades muito altas. Numa chuva de meteoros, esses detritos geralmente são resultado de interações de um cometa com a Terra, em que material do cometa é desprendido de sua órbita, ou quando a Terra cruza essa órbita. A maior parte dos meteoros são menores do que um grão de areia e por isso quase sempre se desintegram e não atingem a superfície do planeta. Chuvas intensas e incomuns de meteoros são também chamadas de surtos ou tempestades de meteoros, nas quais são vistos mais de mil meteoros por hora.

Chuvas de meteoros são eventos que despertam a curiosidade humana desde o início da humanidade e isso é evidenciado por muitos registros e histórias que fazem referência a diversas chuvas de meteoros. O registro mais antigo da chuva de Perseidas, por exemplo, data do ano de 36 d.C., feito por astrônomos chineses. Leônidas foi a chuva de meteoros mais intensa nos últimos séculos, responsável por grandes eventos que surpreenderam pela quantidade de meteoros observada.

Aliás, em relação a Perseidas, foram feitos vários relatos por astrônomos chineses e coreanos entre os séculos VIII e XI, e depois disso foram feitas somente referências esporádicas citando a atividade de meteoros no mês de agosto. Essa chuva de meteoros foi chamada também de “lágrimas de São Lourenço”, porque o pico coincidia com a festa desse santo na Itália.

No ano de 868 d.C a órbita de um cometa até então desconhecido cruzou pela primeira vez a órbita da Terra depois de mudanças graduais nos séculos anteriores. O rastro deixado por esse cometa causou, no ano de 902 d.C., a primeira chuva de meteoros Leônidas, que foi relatada por astrônomos chineses e observadores no Egito e na Itália. Alguns séculos depois, em 15 de novembro de 1630, morreu o cientista Johannes Kepler e dois dias depois, no seu funeral, a chuva de meteoros Leônidas encheu o céu, o que foi considerado uma “saudação de Deus”.

Nas noites de 10 a 13 de novembro de 1833, milhares de meteoros de Leônidas foram vistos cortando o céu. Eram tantos que esse dia ficou conhecido como “o dia em que as estrelas caíram”. As reações das pessoas variaram desde a histeria clamando o Dia do Julgamento até a alegria dos cientistas e astrônomos, que estimaram que cerca de mil meteoros por minuto emanavam da constelação de Leão. Jornais da época mostram que praticamente todos acordaram para ver o evento, seja por causa dos gritos de vizinhos espantados, seja por causa dos flashes de luz produzidos por bolas de fogo que iluminavam todo o céu. Essa noite marcou o nascimento da astronomia de meteoros.

Naquela época a natureza dos meteoros não era conhecida com certeza, e várias teorias tinham sido propostas para explicar o fato. Uma delas explicava como plantas mortas por congelamento liberavam gases graças à ação do Sol. Esse gás, teoricamente hidrogênio, entrava em combustão por causa da eletricidade ou de partículas fosfóricas presentes na atmosfera. Outra teoria propunha que os ventos vindos do sul traziam ar eletrificado que, graças ao frio da madrugada, descarregavam sua eletricidade na terra. Mas foi D. Olmsted quem descobriu a verdadeira natureza da chuva de meteoros. Depois de colher várias informações em observações e relatos, concluiu que os meteoros se originavam de uma nuvem de partículas no espaço.

O interesse dos astrônomos nessa chuva de meteoros começou quando se previu que o retorno da chuva aconteceria em 1866, analisando-se os registros antigos das chuvas de meteoros. Realmente a chuva aconteceu naquele ano, e ficou constatado que uma grande atividade dessa chuva de meteoros acontece a cada 33 anos, embora a intensidade não tenha sido tão grande quanto aquela ocorrida em 1833, mas ainda assim foi bastante marcante. Em 1899 foi prevista outra chuva de meteoros extraordinária. A chuva aconteceu, mas não com a intensidade esperada, caracterizando o que C. P. Olivier chamou de “o pior golpe já sofrido pela astronomia aos olhos do público”, pois era grande a expectativa de toda a população para ver tal evento celeste.

As chuvas de meteoros mais conhecidas são: Eta Aquáridas, Oriônidas, Geminídeas, Perseidas e Leônidas.

O QUE DESEJAS?

O pedido à “estrela cadente” é uma prática milenar. Reza a lenda que ela começou na Grécia por volta do ano 150 a.C. O astrônomo Ptolomeu disse, certa vez, que quando os deuses estavam entediados eles ficavam espiando a Terra. Seria nesse momento, então, que algumas estrelas se desprendiam do céu e cruzavam nosso espaço. Por isso, fazer um pedido nessa hora teria uma garantia a mais de ele ser atendido, já que os deuses estariam olhando para nós naquele exato instante.

Essa tradição já dura mais de 2 mil anos e tem variações ao redor do mundo. No Chile, por exemplo, você precisa pegar uma pedra enquanto faz o pedido. Já nas Filipinas, é necessário dar um nó em um lenço para seu desejo ser atendido.

O fato de soprarmos a vela de aniversário e desejarmos algo está em paralelo com esse evento: a raridade do acontecimento anual, a ligação com o elemento fogo e a efemeridade tanto do fenômeno celeste como o da própria vela acesa. Em ambos deseja-se algo, uma prova muito mais de fé do que algo aparentemente justificável.

E NO TARÔ?

O aparecimento do 08 de Paus sugere boas-novas, situações do tipo “pegar ou largar”, realizações, conquistas ou alegrias, todas de curta duração. O número 08 reúne a particularidade de ser cármico, pode apresentar-se como forma de recompensas ou prejuízos. Numerologicamente, 08 tem a regência de Saturno, que também sugere a materialização ou restrição de algo. No 08 de Paus há uma espécie de “presente celeste”: uma retribuição, gratificação, oportunidade, abertura ou dádiva, embora muito fugaz, para o consulente. Os acontecimentos desta natureza sempre são repentinos, envolvem normalmente (boas) surpresas, ganhos inesperados ou recompensas. É como achar um dinheiro na rua, ou ter uma bonificação, ganhar num concurso ou ter seus 15 minutos de fama. Na obra “The Pictorial Key to the Tarot” (A Chave Pictórica para o Tarô) de Arthur E.Waite, coordenador da geração do baralho que integra esse arcano, é descrito como “as flechas do Cupido”. Ora, flechas lançadas também tem caráter passageiro, e Cupido (equivalente ao Eros grego), relaciona-se diretamente com nossas paixões e desejos. Ou seja, o surgimento do 08 de Paus sugere que algo que desejamos será realizado. Mas, também sugere eventos ou acontecimentos rápidos, novidades ou oportunidades. O fato é que se é algo que, como sugere a ilustração, “vem de cima para baixo”, envolve a interferência do Céu nas coisas da Terra.

Agora você já sabe: o aparecimento do 08 de Paus implica em uma abertura, realização ou consentimento, independente do arcano que o acompanha, é como se deparar com uma “estrela cadente”. Faça o seu pedido, mas tenha cuidado com o que deseja.

Giancarlo Kind Schmid (tarólogo, astrólogo numerólogo e terapeuta). Consultas, cursos, workshops e palestras: taro@bol.com.br

Imagens:

1) 08 de Paus (Rider Waite-Smith);
2) Foto de um meteoro da chuva Perseidas;
3) Esquerda: Ilustração de uma chuva de meteoros (Leónidas) sobre a América do Norte em 1866. Direita: Ilustração (artística) de Leónidas em 1833.

Mais em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Chuva_de_meteoros?wprov=sfla1

Giancarlo Kind Schmid
Giancarlo Kind Schmid
Vivendo em meio aos livros desde criança na biblioteca de meu pai, despertei interesse logo cedo por Literatura e História. Aos onze anos, comecei a me identificar com História Antiga, mais precisamente Egiptologia e afins. O primeiro contato com o mundo esotérico surgiu das pesquisas feitas com Piramidologia e estudos sobre energia cósmica.

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