Nos séculos XVII-XIX, tarotiers (cartiers) ganharam fama e fortuna editando baralhos para a Europa, seguindo os mesmos moldes (pranchas xilográficas), com leves variações de acordo com a localidade e época. Tais editores ganharam respeitabilidade e se destacaram historicamente em seu meio na arte da impressão. Muitos baralhos eram envelopados (embrulhados em papel), as caixas só começaram a ser criadas a partir do século XIX, recebendo o selo do editor e carimbo alfandegário da localidade. Os editores deixavam suas iniciais no brasão do arcano 07 (“A Carruagem”), completando com o nome inteiro, cidade, ano da edição em cartas como o 02 de Ouros, 02 de Copas, Ás de Ouros e na lateral de algumas figuras da corte. O mercado era promissor, as cartas tornaram-se “febre” na Europa entre nobres, sacerdotes, comerciantes e fidalgos atravessando tardes e noites em jogatinas. Vamos conhecer os 17 principais editores entre os séculos XVII e XIX:
1) TAROT JEAN NOBLET (1650, Paris, França) – o tarô de Jean Noblet foi produzido em Paris em 1650 e acredita-se ser o mais antigo baralho de Tarot de Marselha. A única cópia existente é preservada na Biblioteca Nacional da França;
2) TAROT JEAN DODAL (1701, Lyon, França) – o tarô de Jean Dodal foi produzido em Lyon, França, em 1701. Duas versões são preservadas na Biblioteca Nacional da França e no Museu Britânico. O editor produziu uma edição mais geometrizada, fugindo do padrão seguinte;
3) TAROT PIERRE MADENIÉ (1709, Dijon, França) – um dos mais antigos e belos “tarô de Marselha”. Criado em Dijon, em 1709, por Pierre Madenié, mestre cartier e gravador de Avignon, então conhecido pela qualidade de seus baralhos. O baralho original é preservado no Museu Nacional Suíço de Zurique;
4) TARÔ JEAN-PIERRE PAYEN (1713, Avignon, França) – este belo tarô de Marselha foi criado em Avignon, França, pelo mestre criador de cartas e gravador Jean Pierre Paven em 1713. Esta magnífica edição, inédita, é possível graças aos esforços de colaboração do Swiss Game Museum da Torre de Peilz na Suíça, o Museum of the Playing Card de Issy les Moulineaux, na França, e a Biblioteca Beinecke da Universidade de Yale, nos Estados Unidos da América;
5) TAROT FRANÇOIS HERI (1718, Solothurn, Suíça) – este belo tarô foi originalmente criado pelo mestre gravador de cartas François Heri em Solothurn, Suíça, durante o “século dourado” do Tarô na Europa. Esta edição é baseada em uma cópia preservada no Museu Nacional Suíço de Zurique;
6) TAROT FRANÇOIS HERI (1730, Solothurn, Suíça) – François Heri (1680-1746), como seus colegas franceses e suíços, produziu dois tipos de tarôs: um tarô de Marselha publicado em 1718 e este tarô de 1730, chamado de Besançon. A principal diferença de um baralho tradicional de Marselha é que as cartas Papisa e Papa são substituídas por Juno e Júpiter;
7) TARÔ JEAN-PIERRE LAURENT (1735, Belfort, França) – Jean-Pierre Laurent (1709-1743) produziu este belo tarô na França perto da fronteira da Suíça e Alemanha em 1735. A reedição exclusiva deste tarô, tanto em sua forma de Marselha (com Papess e Pope) quanto na forma de Besançon (com Juno e Júpiter), é baseado na cópia original de uma coleção particular;
8 ) TAROT PIERRE CHEMINADE (1742, Serravalle-Sesia, Itália) – Pierre Cheminade publicou este Tarô em 1742 em Serravalle-Sesia no Piemonte, no norte da Itália. A embalagem do baralho inclui um tradicional “envelope de embrulho”, que é uma reprodução daquele que o fabricante de cartas usou durante sua estada em Marselha;
9) TAROT ROCHUS SCHÄR (1750, Mümlisvil, Suíça) – este baralho contém detalhes preciosos de restauração da iconografia tradicional francesa, permitindo novas reproduções contemporâneas. A cópia aqui retratada é mantida no Museu Blumenstein na Suíça;
10) TAROT CLAUDE BURDEL (1751, Friburgo, Suíça) – realizado em 1751 pelo mestre fabricante de cartas e gravador Claude Burdel em Fribourg, Suíça, este baralho é considerado a mais bela cópia suíça conhecida do “tarô de Marselha”. Este baralho é caracterizado por acréscimos típicos das produções suíças desse período. Fac-símile é baseado no original preservado no MuCEM – Museu das Civilizações e do Mar Mediterrâneo – em Marselha;
11) TAROT CLAUDE ROCHIAS (1754, Saint Sulpice, Suíça) – este tarô de Claude Rochias é um exemplo notável e quase desconhecido de um baralho único no estilo de Marselha. O deck foi trabalhado com muita atenção aos detalhes usando xilogravuras muito finas que renderizam rostos expressivos. As cores brilhantes, formas diferentes, bem como muitas imagens invertidas fazem deste um baralho raro e único;
12) TAROT NICOLAS CONVER (1760, Marselha, França) – este baralho foi produzido em Marselha em 1760 por Nicolas Conver, um dos mais ricos cartiers do século XVIII. Acredita-se que as cartas contenham sabedoria antiga e esotérica e sejam usadas para adivinhação;
13) TAROT JOSEPH FEAUTRIER (1762, Marselha, França) – até muito recentemente, apenas duas cópias incompletas deste baralho eram conhecidas, uma preservada no Musée du Vieux Marseille, a outra na Bibliothèque Nationale de France em Paris. Recentemente, Thierry Depaulis, historiador francês especializado em cartas de baralho, informou ao Tarot de Marseilles Heritage a existência de uma terceira cópia original, até hoje a única completa conhecida no mundo. Este exemplar em excelente estado pertence a Vincenzo Capuano, professor italiano de história dos brinquedos. É mantido no Museo del Giocattolo em Nápoles, que ele fundou. Graças à mediação de Wilfried Houdouin, autor do Tarô de Marselha Millennium Edition, com Alfredo Mazzara, tarotólogo e cineasta italiano, foram concedidos os direitos para a produção da presente edição;
14) TAROT ARNOUX & AMPHOU (1801, Marselha França) – o baralho Arnoux & Amphoux, originalmente impresso em Marselha, é um dos mais raros tarôs antigos completamente preservados. Esta edição excepcional do Tarot de Marselha Heritage reproduz fielmente os belos gráficos e as cores vivas deste belo baralho;
15) TAROT JOHAN JERGER (1801, Besançon, França) – o tarô de Johan Jerger foi criado pelo cartier alemão Jojan Jerger em Besançon, França, em 1801. Este belo tarô é considerado uma referência dos tarôs na categoria “de Besançon”. Caracteristicamente, de um tarô de Besançon, as cartas da Papisa e do Papa são substituídas pelos deuses romanos, Juno e Júpiter;
16) TAROT JACQUES BURDEL (1813, Friburgo, Suíça) – Jacques Burdel foi o último artesão de uma famosa linha de fabricantes de cartões fundada por Claude Burdel na cidade de Friburgo na Suíça. Acredita-se que o pai e o avô de Jacques ajudaram a criar este belo tarô e que a gravura foi criada por Jean Proche, um famoso gravador desse período. Esta bela reprodução vem embrulhada em um fac-símile da folha de embalagem original;
17) TAROT BERNADIN SUZANNE (1839, Marselha, França) – o baralho de Suzanne Bernardin é um baralho simplista, muito parecido com Conver. Como o próprio nome indica, o mestre cartier era uma mulher, uma raridade em um mundo onde quase todos os nomes que aparecem nos baralhos são nomes de homens;
18) TAROT FRANCIS GASSMANN (1840, Genebra, Suíça) – este tarô excepcional foi feito por François Gassmann (1792-1870) em Genebra, Suíça. Esta restituição exclusiva foi feita em colaboração com o Game Museum em La Tour de Peitz na Suíça, que possui muitas versões deste famoso tarô. O baralho contém cores vibrantes e alegres.
Podemos notar variações no estilo artístico, na substituição dos arcanos 02 e 05 por Juno e Júpiter, alterações na colorização das lâminas, pequenas mudanças nos objetos e direção do olhar das figuras. Essencialmente, os baralhos franceses obedecem a mesma simetria, como produção fiel a iconografia e conceito artístico.
Vivendo em meio aos livros desde criança na biblioteca de meu pai, despertei interesse logo cedo por Literatura e História. Aos onze anos, comecei a me identificar com História Antiga, mais precisamente Egiptologia e afins. O primeiro contato com o mundo esotérico surgiu das pesquisas feitas com Piramidologia e estudos sobre energia cósmica.